Recentemente surgiu por aí a ideia do “Dia do Lixo”; um dia da semana, mês ou vida, que é separado para ingerir alimentos que não são considerados saudáveis ou que
foram cortados da “dieta”; uma espécie de libertação temporária.
Geralmente as pessoas mais adeptas a esta prática, são aquelas que fazem
dieta de restrição calórica (cutting) e aproveitam este dia para colocar no
cardápio os famosos fast-foods (comida rápida, como hambúrgueres e batatas-fritas),
doces, churrasco, dentre outros alimentos hipercalóricos. É sabido que esses
alimentos são grandes fornecedores de sódio, gorduras, açúcares e conservantes,
que em excesso são nocivos à saúde, mas está tranquilo, afinal, é só UM DIA da semana ou da vida que foi escolhido para
se “LIBERTAR”; certo?
ERRADO!!
Segundo alguns estudiosos da internet (amadores), o “Dia do Lixo”,
estimula o organismo que estava em uma dieta de restrição calórica a retomar o
hipermetabolismo, que outrora estava reduzido devido a aquela correta prática alimentar.
Pois bem, existe no nosso organismo um hormônio chamado leptina, conhecido como hormônio do inibidor
do apetite, o qual é produzido, dentre outros locais do organismo, pelas
células adiposas (adipócitos), ou seja, quanto mais gordura corporal, mais
desse hormônio será produzido. Uma das suas funções é agir no controle da
ingestão alimentar, agindo no hipotálamo sinalizando a saciedade, porém,
estudos já evidenciam que pessoas obesas possuem resistência a esta substância,
razão pela qual, possuem um apetite desenfreado e compulsões alimentares.
Contrariamente, ao ser praticada uma dieta de restrição calórica severa
como, por exemplo, 1000 Kcal1, muito abaixo de qualquer taxa de metabolismo
basal (TMB) adulta já calculada, há uma drástica redução de massa
adiposa e da produção de leptina; paralelamente surge o aumento de concentração
plasmática do hormônio do apetite, a grelina;
ou seja, a pessoa sentirá vontade de comer e não o fará devido à imposição da “dieta”,
o que poderá causar desordens alimentares graves como a hiperfagia, que é a
exagerada ingestão de alimentos, ultrapassando as necessidades do organismo e a
anorexia que é o medo excessivo de ganho de peso, onde a pessoa se priva da
alimentação drasticamente.
Primeiramente, é necessário entendermos que até mesmo aqueles que
buscam maior percentual de massa magra necessitam manter a proporção adequada
de massa gordurosa no corpo; não tem como “zerar” a gordura corporal, pois a
mesma possui funções vitais no nosso organismo, como neste assunto, a produção da
leptina. Entende-se que quando uma pessoa sente a necessidade de fazer o “Dia
do Lixo”, ela no fundo não sente satisfação naquilo que está praticando no
decorrer da vida; porque apesar dos aparentes resultados, a alimentação é
considerada uma obrigação estética e não uma necessidade fisiológica e prazer.
Para quem não
sabe, a gordura demora a ser digerida, podendo causar gastrite e em grandes
quantidades, diarreia; principalmente para o um organismo que está sendo erroneamente estimulado a ficar sem ela. O risco de hiperfagia nestes casos também é
aumentado, onde aquela pessoa não se contentará com um copo pequeno de milk shake acompanhado de um pacote
pequeno de batatas fritas (↓ leptina e ↑ grelina); assim, é importante recordarmos que pessoas que fazem
dietas de restrição calórica têm maiores pré-disposições para o acúmulo de
gordura (resposta de socorro do organismo), portanto haverá um ganho de peso
através dessa prática, mesmo que mínimo, onde temos um conseqüente efeito
sanfona.
Portanto, praticar o “Dia do Lixo” não pode ser considerada saudável para o organismo, pois, geralmente surge para compensar outra falha grave que são as dietas de restrição calórica, que muitas vezes acontecem sem acompanhamento profissional. Imaginem um organismo que por um bom tempo recebe alimentos leves, em poucas quantidades e de repente em um dia, alimentos hipercalóricos e ricos em sódio?
Ter uma vida saudável é viver bem todos os dias, sem cobranças! |
Se existe a necessidade de uma “escapadinha”, não houve uma real mudança de comportamento alimentar. Uma alimentação saudável, equilibrada em macronutrientes e micronutrientes não possui necessidade alguma de “upgrade” no metabolismo, ainda mais com alimentos que não fazem bem algum ao organismo.
Quando uma pessoa é educada nutricionalmente ela sabe o que comer e
quando comer e se sentir a necessidade de comer batatas-fritas com milk shake, por exemplo, ela o fará
totalmente consciente, sem neuras e com equilíbrio, afinal, a alimentação não é
continha de calorias, estética ou obrigação.
Por fim, alem de tudo, “Dia do Lixo” é um termo de extremo mau gosto.
Desde quando lixo é bom? O melhor mesmo é vivermos sem cobranças, sem dia para isso ou dia para aquilo, termos consciência do que fazemos é a melhor parte da vida.
Então, você
é adepto(a) ao Dia do Lixo?
1Este tipo
de intervenção nutricional só é recomendada em casos de obesidade grave sob
assistência de uma equipe multidisciplinar em saúde.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
HEN, Rafael, A
Importância do Dia do Lixo
Disponível em:
PERES, Rodolfo Anthero de Noronha Peres, Dia do Lixo: Vale à pena fazê-lo?
Disponível em:
GERBASI, Amanda Bellodi, et al, Leptina e grelina: o papel na patogênese da
obesidade.
ROMERO, Carla Eduarda Machado; ZANESCO, Angelina,
O papel dos hormônios leptina e grelina
na gênese da obesidade
<http://www.scielo.br/pdf/rn/v19n1/28802.pdf>
MELDAU, Débora Carvalho; HIPERFAGIA
<http://www.infoescola.com/doencas/hiperfagia/>
ANOREXIA NERVOSA
< http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?138>
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