22 de janeiro de 2014

DIETAS DE RESTRIÇÃO CALÓRICA E O DIA DO LIXO: NÃO SE CONSIDERE UMA LATA DE LIXO!

Recentemente surgiu por aí a ideia do “Dia do Lixo”; um dia da semana, mês ou vida, que é separado para ingerir alimentos que não são considerados saudáveis ou que foram cortados da “dieta”; uma espécie de libertação temporária.

Geralmente as pessoas mais adeptas a esta prática, são aquelas que fazem dieta de restrição calórica (cutting) e aproveitam este dia para colocar no cardápio os famosos fast-foods (comida rápida, como hambúrgueres e batatas-fritas), doces, churrasco, dentre outros alimentos hipercalóricos. É sabido que esses alimentos são grandes fornecedores de sódio, gorduras, açúcares e conservantes, que em excesso são nocivos à saúde, mas está tranquilo, afinal, é só UM DIA da semana ou da vida que foi escolhido para se “LIBERTAR”; certo?

ERRADO!!

Segundo alguns estudiosos da internet (amadores), o “Dia do Lixo”, estimula o organismo que estava em uma dieta de restrição calórica a retomar o hipermetabolismo, que outrora estava reduzido devido a aquela correta prática alimentar.

Pois bem, existe no nosso organismo um hormônio chamado leptina, conhecido como hormônio do inibidor do apetite, o qual é produzido, dentre outros locais do organismo, pelas células adiposas (adipócitos), ou seja, quanto mais gordura corporal, mais desse hormônio será produzido. Uma das suas funções é agir no controle da ingestão alimentar, agindo no hipotálamo sinalizando a saciedade, porém, estudos já evidenciam que pessoas obesas possuem resistência a esta substância, razão pela qual, possuem um apetite desenfreado e compulsões alimentares.

Contrariamente, ao ser praticada uma dieta de restrição calórica severa como, por exemplo, 1000 Kcal1, muito abaixo de qualquer taxa de metabolismo basal (TMB) adulta já calculada, há uma drástica redução de massa adiposa e da produção de leptina; paralelamente surge o aumento de concentração plasmática do hormônio do apetite, a grelina; ou seja, a pessoa sentirá vontade de comer e não o fará devido à imposição da “dieta”, o que poderá causar desordens alimentares graves como a hiperfagia, que é a exagerada ingestão de alimentos, ultrapassando as necessidades do organismo e a anorexia que é o medo excessivo de ganho de peso, onde a pessoa se priva da alimentação drasticamente. 

Primeiramente, é necessário entendermos que até mesmo aqueles que buscam maior percentual de massa magra necessitam manter a proporção adequada de massa gordurosa no corpo; não tem como “zerar” a gordura corporal, pois a mesma possui funções vitais no nosso organismo, como neste assunto, a produção da leptina. Entende-se que quando uma pessoa sente a necessidade de fazer o “Dia do Lixo”, ela no fundo não sente satisfação naquilo que está praticando no decorrer da vida; porque apesar dos aparentes resultados, a alimentação é considerada uma obrigação estética e não uma necessidade fisiológica e prazer.

Para quem não sabe, a gordura demora a ser digerida, podendo causar gastrite e em grandes quantidades, diarreia; principalmente para o um organismo que está sendo erroneamente estimulado a ficar sem ela. O risco de hiperfagia nestes casos também é aumentado, onde aquela pessoa não se contentará com um copo pequeno de milk shake acompanhado de um pacote pequeno de batatas fritas (↓ leptina e ↑ grelina); assim, é importante recordarmos que pessoas que fazem dietas de restrição calórica têm maiores pré-disposições para o acúmulo de gordura (resposta de socorro do organismo), portanto haverá um ganho de peso através dessa prática, mesmo que mínimo, onde temos um conseqüente efeito sanfona.

Portanto, praticar o “Dia do Lixo” não pode ser considerada saudável para o organismo, pois, geralmente surge para compensar outra falha grave que são as dietas de restrição calórica, que muitas vezes acontecem sem acompanhamento profissional. Imaginem um organismo que por um bom tempo recebe alimentos leves, em poucas quantidades e de repente em um dia, alimentos hipercalóricos e ricos em sódio? 
Ter uma vida saudável é viver bem todos os dias, sem cobranças!

Se existe a necessidade de uma “escapadinha”, não houve uma real mudança de comportamento alimentar. Uma alimentação saudável, equilibrada em macronutrientes e micronutrientes não possui necessidade alguma de “upgrade” no metabolismo, ainda mais com alimentos que não fazem bem algum ao organismo.

Quando uma pessoa é educada nutricionalmente ela sabe o que comer e quando comer e se sentir a necessidade de comer batatas-fritas com milk shake, por exemplo, ela o fará totalmente consciente, sem neuras e com equilíbrio, afinal, a alimentação não é continha de calorias, estética ou obrigação.

Por fim, alem de tudo, “Dia do Lixo” é um termo de extremo mau gosto. Desde quando lixo é bom? O melhor mesmo é vivermos sem cobranças, sem dia para isso ou dia para aquilo, termos consciência do que fazemos é a melhor parte da vida.

Então, você é adepto(a) ao Dia do Lixo?

1Este tipo de intervenção nutricional só é recomendada em casos de obesidade grave sob assistência de uma equipe multidisciplinar em saúde.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

HEN, Rafael, A Importância do Dia do Lixo
Disponível em:

PERES, Rodolfo Anthero de Noronha Peres, Dia do Lixo: Vale à pena fazê-lo?
Disponível em:

GERBASI, Amanda Bellodi, et al, Leptina e grelina: o papel na patogênese da obesidade.

ROMERO, Carla Eduarda Machado; ZANESCO, Angelina, O papel dos hormônios leptina e grelina na gênese da obesidade
<http://www.scielo.br/pdf/rn/v19n1/28802.pdf>

MELDAU, Débora Carvalho; HIPERFAGIA
<http://www.infoescola.com/doencas/hiperfagia/>

ANOREXIA NERVOSA
< http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?138>

Nenhum comentário:

Postar um comentário